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domingo, 31 de dezembro de 2017

Foi preciso saber viver

Céu de Belém
            Em 2017, eu tive um único céu e inúmeras cores para viver, sentir e administrar. Foi necessário ser brava e contar com uma sabedoria mandada lá de cima para acordar todos os dias e saber lidar com o amarelo, o azul, o branquinho, o verde, os tons “diferentões”, o rosa, e principalmente, o cinza. Essas cores, no entanto, se compreendiam de forma tão perfeita que juntamente com as nuvens feitas de algodão preencheram fascinantemente os céuS que Deus me ofereceu nesses 12 meses.

                Ah, que céuS!! E que ano! De fato, o branco, o amarelo, o azul, o verde, as cores mistas, o rosa e até o tenebroso cinza sorriram de lá do alto para mim. Sorriram cada um com um jeito, um impacto e um aprendizado diferente. E eu busquei retribuir sorrindo também! Sorri com calma e paciência para não embolar as cores e estragar tudo o que estava por minha espera ao longo do ano.
                                Entretanto, foi em meio a tantas trocas de sorrisos que tive que aprender a administrar o tempo e não ser uma Ritinha pela metade. Nada que é pela metade presta. Eu acredito que quando as pessoas se propõem a estarem em um lugar elas têm que ESTARem e SERem só aquele momento e ponto! Por isso, de janeiro a dezembro eu fui... fui uma menina MULHER que doou por inteiro o seu coração, corpo e alma para as pessoas, suas paixões e seus sonhos pessoais.
                Os meus 365 dias foram loucamente intensos e desafiadores. Cada mês, eu senti e vivi um céu e cores diversificadas. De janeiro eu bem me recordo da luz do mundo branco. Foi a cor da camisa que inaugurei emocionada a rampa de acesso interna da igreja que frequento e também foi com esse tom de roupa que lá, brilhantemente dancei a minha primeira coreografia junto do ministério infantil. Após vencer esse primeiro e grande desafio, eu tive a absoluta convicção que a sequência do meu 2017 caminharia de uma maneira diferente. Entretanto, veio o arco-íris do segundo mês do ano. O meu fevereiro foi marcado pelo colorido de balões, pois apesar de ter nascido no finalzinho de janeiro e já ter tido uma tarde incrível com as melhores amigas do Ensino Médio, o meu coração disparou quando minha Débora, suas irmãs que considero como minhas irmãs e o Daniel organizaram uma das melhores surpresas de aniversário EM DOSE DUPLA, porque foi para mim e Ilana. Nessa ocasião também, o nosso quinteto de amor (eu, Ilana, Débora, Tati e Bruna) encontrava-se unido novamente para papear, se abraçar de um jeito singular e gargalhar até altas horas. Depois dessa noite de união, foi a hora de me dedicar ao quinto período dos infernos na Universidade (graças a Deus acabou e eu sobrevivi. Kkkkk).     
     


                                                                                                                     

                 Ah! E por falar na Universidade, foi no quiosque de lá que eu quase morri engasgada com um misto quente quando me disseram que o nosso quinteto de amor iria ganhar uma mascotezinha e a tia Rita teria que entrar em ação (haha). No entanto, após a minha quase morte (kkkkk) além dos estudos acadêmicos, de trabalhar no meu livro, de continuar alimentando a minha coluna jornalística e esse blog, eu estudei outras tantas teorias para chegar no Caldeirão do Huck através do Tiago Iorc. Assim, com o essencial apoio da equipe da Ação Eventos, do meu tio Eden, da minha irmã Lara e de seus parentes que moram em Rio Branco – AC eu fui ao show do Tiago e o coração tropeçou e quase paroooooooooou. Eu amei SER daquela noite. Eu amei viver cada música e o senhorzinho que me parou e perguntou tão brandamente se poderia me dar um beijo apaziguador na bochecha. E mesmo com a voz fugindo por causa do impacto que esse cantor representou naqueles instantes, eu amei quando dele recebi um beijo, um abraço e sua atenção para ver tanto eu como a Larinha com os olhos inundados de lágrimas por termos conseguido entregar em suas mãos uma carta e algumas fotos narrando a minha história, as quais foram pedidas para serem repassadas ao Luciano Huck.


                                                       


             No entanto, antes desses primeiros acontecimentos, eu tive comigo uma Luz rosa e outra que não é do Acre, mas se tornou a minha luz azul: Agde e Jamilly. Para essas duas fisioterapeutas, eu existi na fisioterapia convencional e na hidroterapia. E, tanto através da água como do solo a Agde e Jamilly por meio do aparelho de analgesia, dos alongamentos, exercícios de fortalecimento e amor me possibilitaram dormir a maioria das noites sem as dores crônicas e insuportáveis. As nossas sessões sempre foram as melhores horas da semana. A gente brincava, conversava, superava montanhas, trabalhava forte e quando estava em solo treinava bocha. Mas, bem próximo do meio de 2017 a Agde entrou de licença e a Jamilly ficou com os horários apertados, portanto me passaram para as mãos da fisioterapeuta Hannah e dos demais da Clínica Vitalle, que eu gosto muito, por sinal. Ah! A minha Hannah... ela foi tipo as cores do meu quarto em forma de anjo e a que deu continuidade ao trabalho feito comigo com excelência. Nós fazíamos de tudo um pouco, porém como eu tenho uma queda pela bola feijão ficávamos mais um tempinho nela. A Hannah não sabia nem o que era a bocha até então e aí eu a apresentei e expliquei as regras. Acho que ela se apaixonou por esse esporte na medida que me ajudava e de tanto que me ouvia falando que queria crescer nisso. Desse amor, a fisioterapeuta Jamilly também compartilhou de pertinho. E então, lá na Clínica ficaram elas duas lapidando o físico e a mente da jabutizinha (eu. Kkk) para os Campeonatos que viessem a surgir.

   

                                                                                                                                                                                                            

           Na APAE, com o kit emprestado de lá eu também treinava e recebia dos meus professores forças para não desistir. Às vezes isso vinha do Aldinei, já outras do Núbio, os quais são mais dois dos meus grandes incentivadores nessa vida esportiva. E em junho a porta dos Campeonatos Adultos se abriu para mim. Veio primeiro o Estadual em Rio Branco – AC. Para participar desse, eu tive que primeiramente convencer a minha mãe e família que isso não era uma besteira, e sim o amor que sou completamente apaixonada. Os ânimos se exaltaram, mas logo eles entenderam e aí para me deslocar até a capital e disputar uma vaga no Regional contei com o auxílio da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, da Secretaria Estadual de Educação e Esporte, da APAE que me disponibilizou o kit de bocha, da Ana (minha acompanhante feminina), da Shirlei e do Núbio, que mesmo não me acompanhando nessa viagem me encorajava pelo telefone. Lá joguei, ganhei ouro e chorei feito uma abestada (kkkkkkkkkk), porque agora eu iria para o Regional em Ananindeua – PA como campeã estadual. Ser campeã e carregar a bandeira acreana no peito te traz responsabilidades medonhas e foi com elas que voei para o Pará junto do Núbio e a nossa Delegação. No mais, o estado do Pará foi tão generoso com os gigantes do Acre que nos deu duas medalhas de ouro, uma de prata, o troféu de melhor equipe e vagas para o Nacional em São Paulo.  

 


 


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Em nosso regresso para o Acre, Belém do Pará me agraciou com um céu extraordinário e a Paola. Essa moça é do Rio Grande do Sul e trabalha como piloto comercial, e foi a minha e a companhia do Núbio até Brasília. Ela é de uma simpatia inacreditável. A gente se deu muito bem enquanto voávamos e daí ela se despediu me afirmando que sempre quando pensasse em desistir lembraria de mim para ter forças. Ai... eu nunca vou esquecer dela. Enfim... voltando a pôr as rodas da minha cadeira no chão de Cruzeiro do Sul, retornei para a Universidade, fui a Cinderela de lá, me desmanchei em choro por não ter conseguido as passagens para ir participar das Paralímpiadas Universitárias, tive que me virar na sala de aula sem minha Ilana e Tati, e pela primeira vez com a ajuda de Elen (minha recente monitora) estagiei com excelência como professora numa Escola Pública de Ensino Fundamental. Eu conheci a minha Ayra, a gostosa que vai andar primeiro do que a titia (kkkkkkkkkkkkkkkk). Treinei para o Campeonato Brasileiro de Bocha Paralímpica. Fui em uma determinada Escola de Ensino Médio da cidade, conversar e encorajar vários jovens a viverem os seus sonhos, independentemente de qualquer coisa. Dancei com Aldinei (meu moreno) o balé que tanto amo em diversos lugares e importantíssimas ocasiões. Desfilei no aniversário da cidade, unida com o projeto MEU CABELO MINHA IDENTIDADE levantando a bandeira da acessibilidade e inclusão social que o projeto ACESSIBILIDADE POR UM MUNDO MELHOR defende. E também fui convidada pela Câmera Municipal de Cruzeiro do Sul para uma sessão solene em homenagem ao mês da juventude, onde na oportunidade recebi uma Moção de parabéns por inspirar de diversas formas a sociedade cruzeirense.

                                                                                           
                                                 
                                                                                                                       
                                                                                                                                             
                                                                                                                                                         

                                                                                                                                                                                       E aí dezembro chegou chegando. Ele me trouxe mais duas experiências que me fizeram crescer além do esperado. A primeira aconteceu numa sala do Ceflora de Cruzeiro do Sul por intermédio da minha Luz rosa, Agde. Ela me convidou para fazer uma pequena demonstração de uma sessão de fisioterapia para os seus alunos. Eu fui e foi maravilhoso. Passou longe de ser uma simples demonstração, teve isso é claro, mas além disso, nós tivemos um bate-papo muito bacana e enriquecedor para ambos os lados. E a segunda experiência? Ah! Essa foi preciso eu aterrissar em São Paulo mais precisamente no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro para vive-la. Eu e Delegação Acreana estávamos lá para participar do nosso primeiro Campeonato Brasileiro de Bocha Paralímpica e apesar de dessa vez não termos trago medalhas, conhecemos pessoas de todas as regiões, criamos laços afetivos, ganhamos aprendizado e um inexplicável shoooow ao vivoooooo, onde todos nós cantamos em coro It’s my life. E o principal: conquistamos o respeito e o nosso lugar entre os melhores do Brasil na Bocha Paralímpica.


 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           
                                                                                                     
                                                                                                                                                     

                                                                                                                                                                                         Mas, embora eu tenha vivido uma porção de cores e tido muitos afazeres e sonhos para realizar ao longo do ano dos meus 22 anos, eu nunca deixei de SER. SER para o céu e a terra. SER para o dia e a noite. SER para os animais. SER para as crianças, jovens, adultos e idosos. SER, principalmente para os amigos, a família, as pessoas e os “crushs” (rsrsrs) que tive a sorte de conhecer. Porque o essencial da vida não é ter, mas SER de cada momento que Deus te doa oxigênio para saber viver. Portanto, gratidão meu 2017.