Todos
sabem que eu sou apaixonada pela escrita, pois é nela que tenho a liberdade de
expressar minhas opiniões sobre as injustiças existentes no mundo e por adorar
escrever, esse ano participei de um concurso de redação intitulado Jovem
Senador.
O concurso proporciona a 27 estudantes
de cada unidade federativa uma viagem à Brasília para vivenciarem o trabalho de
senadores brasileiros, discutindo propostas relacionadas com o poder
legislativo e assim com o consenso do senado criar projetos de lei baseado nos
assuntos das respectivas redações.
O tema de 2014 foi “Se eu fosse um
senador”, contudo, como sou uma jovem que luta por melhorias para os
deficientes viverem dignamente em sociedade, me dediquei dois meses escrevendo
uma redação que ressaltava sobre acessibilidade uma questão bastante importante
para uma parcela considerável da população, mas já que não gera lucro e os
governantes não necessitam dela, a maioria deles não dá a mínima atenção para a
causa.
Foi frustrante e lastimável saber
que a comissão julgadora do Acre e do Senado Federal escolheram vencedoras temáticas
clichês, tal como: educação, saúde e segurança pública. Mas, eu sei que
mesmo sem a ajuda do senado, eu vou realizar o meu sonho de ver o meu país
totalmente acessível não só para deficientes, como também para os idosos e as
grávidas.
Eis aqui a minha redação:
O Ser e o
clamor pela acessibilidade
A expressão “ser alguém” traz uma
ideia de permanência e “se eu fosse uma senadora” não expressa certeza. Em uma
perspectiva temporal podem ser corrigidas para “estar alguém”. Isso significa
adotar um perfil moral e ético em relação aos problemas sociais, políticos e
econômicos. Quem “estar senador” tem que possuir princípios, que lhe permita
compreender situações sensíveis como a dos deficientes que desde tempos semotos
têm clamado pela acessibilidade visando sua adaptação, locomoção e inclusão no
âmbito social. Historicamente é possível compreender que eles sempre estiveram
à margem da sociedade e dos seus interesses.
A sociedade por ignorância sempre
provocou a exclusão social e a aniquilação das pessoas com deficiência. Na
Grécia Antiga, Esparta possuía uma educação militarista rude. Resguardava o
culto de um corpo atlético e perfeito, pois queriam transformar seus cidadãos
em modelos de soldados, fortes e corajosos. Os deficientes recém-nascidos eram
lançados ao mar ou de precipícios, já que este povo, baseados em suas crenças
religiosas acreditavam muitas vezes que a criança deformada era uma maldição,
mandada pelos deuses. A literatura medieval coloca os anões e os corcundas como
focos de diversão dos mais abastados. Tribos indígenas, no Brasil, cruelmente,
enterram vivos os excepcionais. Apesar da precariedade das épocas e povos, surgiram
poetas, físicos, matemáticos e astrônomos, que superaram a deficiência e
fizeram jus aos seus nomes.
Na dinâmica da existência humana há
espaço tanto para mudanças quanto para continuidades. Ser senador é poder
compreender o suplício dos deficientes, abandonar a ignorância preconizada por
nossos ancestrais, propor mudanças e dar continuidade a políticas que já
funcionam. Porém, a integração de deficientes ao meio é um processo lento. E
sem a força do senado, paulatinamente, permanecerá no estado em que se
encontra, apesar de uma grande diversidade de ONGs e instituições se empenharem
na criação de projetos e programas em prol da inclusão social.
Atualmente, a escassez de rampas,
transportes, banheiros acessíveis e rebaixamentos de calçadas acabam gerando
exclusão de muitas pessoas. Esta precariedade descumpre a constituição
brasileira, ao que se refere: o direito de deslocamento, defendido pela lei de
ir e vir. Nesse sentido, o projeto jovem senador deve mobilizar a sociedade para
uma conscientização mais ampla na luta das pessoas especiais pelo fácil acesso
a todos os recintos.
É necessário levantar uma bandeira
em prol dos que clamam por esta causa para que assim possa haver mudanças no cenário
insatisfatório em que vivem as pessoas deficientes. Ética e moralmente, quem
“estar senador” deve ser pró-ativo, disciplinado, comprometido, dinâmico,
metódico, responsável, concentrado, honesto, ter a capacidade de observação, distinguir e organizar
prioridades assim, ser capaz de trabalhar para que se cumpram as leis vigentes
na carta magna e buscarem com uma maior vontade política, criar projetos que
permitam a adaptação, locomoção e inclusão social dos deficientes, atendendo ao
clamor da acessibilidade.