Meus
leitores assíduos, uma expressão que me atraiu bastante e que quis citar no
início da nossa interação de hoje diz o seguinte: “Ser livre te dá o direito a
ficar preso ao que você quiser”. Escolhi essa frase, pois para mim houve uma
sintonia perfeita com o que vim compartilhar. E o que vim partilhar é um dos
motivos que daqui sumi e o que mais me deixou de “cabelo em pé” todo esse
semestre da faculdade (rs).
Ah!
Esse semestre na Universidade foi um verdadeiro “Deus nos acuda” e literalmente
um quinto período dos infer... (não completei a palavra, mas vocês são
suficientemente inteligentes para isso. Kkk.) Enfim... tivemos disciplinas que
nos sobrecarregaram tanto fisicamente como mentalmente. Dentre essas, no entanto,
eis que nada mais nada menos me surge Ficção Brasileira Moderna, a responsável
por enclausurar-me entre a cruz (ficção) e a espada (realidade).
De
início meu santo não bateu com o da disciplina, mas depois que assisti ao filme
“Os narradores de Javé” passei a ter um olhar carinhoso e a querer me
aprofundar mais na coisa. Daí veio os seminários, os quais tinham como
finalidade expor características e curiosidades sobre obras de ficção
modernista (como não dá para correr explico igual aos outros colegas de turma:
estudo, vou lá na frente e me esforço primeiro para falar com clareza e segundo
demonstrar tudo o que aprendi sobre um tal conteúdo). Nesse trabalho, falei à
cerca do livro “Memórias sentimentais de João Miramar” de Oswaldo de Andrade. Eu
sei que comumente gostamos do que lemos e tal, mas eu confesso que essa leitura
em nenhum momento me fez despencar de amor por ela. Era um negócio meio
confuso, tinha simultaneidade cinematográfica demais para o meu gosto, enfim,
não simpatizei.
A
nossa professora, Maria José deu seguimento a esses seminários. Cada semana era
um cenário e personagens novos que conhecíamos. Uns menos, outros mais interessantes,
mas todo mundo nos dando a sua contribuição necessária. Eu, particularmente me
reconheci em duas obras: “A paixão segundo G. H.” e o “Memorial de Maria Moura”.
A Clarice Lispector via “A paixão segundo G. H.” me reafirmou que por mais que os
outros nos achem estanhos temos que continuar persistindo em sermos únicos e
sempre escrever de dentro para fora, ou seja, tentar descrever da maneira mais fiel
o possível as sensações que causam uma devastadora quietude dentro da gente. Por
outro lado, veio através da Rachel de Queiroz a Maria Moura, uma mulher que me inspirou por destemidamente
vencer o preconceito e virar uma verdadeira lenda. Embora em ambas obras
tivessem uma parte ficcional já me encontrei sendo tanto G. H., bem como Maria
Moura na realidade em que eu vivo.
Sendo assim, ser livre realmente me deu o
direito a ficar presa na “A paixão segundo G. H.” e no “Memorial de Maria
Moura”. Obras estas que nunca mais saíram de mim e que sempre, em qualquer circunstância
eu vou incorporar na vida real uma dessas personagens fictícias, pois só assim
elas não arrebentarão o laço que dentro de mim construíram durante esse semestre.