Há uns dois
anos, o músico Weverton Costa (não de sangue, mas meu irmão) ao observar e
compreender os meus desafios diários acabou compondo a música Fronteiras &
barreiras e desde então a frase: “Na vida sempre vamos encontrar fronteiras e
barreiras que temos que quebrar” tem me ensinado a batalhar por tudo o que
almejo, também anda me incentivando a ser uma garota forte, da qual vive intensamente
sem dá a mínima para o amanhã e que ao amanhecer dos dias acorda disposta a
quebrar todas as dificuldades e paradigmas propostos pela sociedade.
No entanto, na
medida em que as pessoas foram convivendo, conhecendo os meus sonhos e até onde
a deficiência me limitava, elas se tornaram as principais descobridoras dos
meus talentos: com as palavras; no esporte; e agora na dança.
Dançar em uma cadeira de rodas? É quem
diria. Realmente a composição de Weverton é um pequeno espelho da vida. Nós
encontramos tantas pedras no caminho, empecilhos que incessantemente lutamos
para vencê-los, porque sabemos que por de trás de tudo isso existe uma
felicidade a nossa espera, contudo, a dança foi mais um obstáculo, do qual
resolvi ultrapassar. Ela começou a fazer parte do meu dia a dia a mais ou menos
um ano por incentivo do dançarino da APAE, Aldinei Gomes.
Na 1ª semana quando vi os níveis
dificultosos de cada passo minha frase foi: “Definitivamente eu não nasci para
isso.” Mas com o passar do tempo, conforme fui sendo encorajada, tendo foco e ganhando o
apoio de todos, principalmente do meu professor de dança Aldinei, eu fui me
apaixonando e aprimorando cada vez mais nessa belíssima arte.
Lembram-se da frase dos primeiros
ensaios? Então, ela deu lugar a muitos outros sonhos. Eu respirei fundo e fui...
Deixei-me embalar ao som da música, comecei a se dedicar, dá o melhor de mim
mesmo, pois além de saber que seria um desafio e tanto, também sabia que ao
realizar os inúmeros passos e exercer com sucesso os mais variados estilos de
dança eu teria uma imensa felicidade.
Já fiz apresentações de Balé e Salsa.
O Balé foi o que mais exigiu de mim, na verdade era um sonho, sempre achei
lindo e meigo as bailarinas de pontinha de pé, aquelas piruetas e pensava
consigo mesma: “Será que um dia vou dançar assim como elas?”. Com ajuda,
paciência, disposição do Aldinei, eu consegui, fiquei de pontinha de pé também,
até piruetas teve (rs). Mal sabia se ria ou chorava, mas uma coisa é certa, por
dentro eu estava explodindo de alegria.
Daqui para frente pretendo continuar
dançando, aceitando ser desafiada pelos passos, ritmos e quem sabe além de
escritora seguir profissionalmente na dança. Enfim, agora só me resta agradecer
a todos que me apoiaram, a APAE e ao Aldinei que me pôs nessa berlinda, mas que
acima de tudo acabou me mostrando que a dança também não é impossível para uma
cadeirante, aliás, nada nesse mundo é quando temos garra.