“Pra
você guardei o amor que sempre quis mostrar. O amor que vive em mim, vem
visitar. Sorrir, vem colorir solar. Vem esquentar. E permitir.”
Achei,
vendo em você o amor que não definha. O amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta. Ah! Como eu amo te amar numa frequência tão inquebrável. Tu foste
me roubando, me enlaçando e agora se tornara em um dos meus maiores chamegos. E
por mais que te viver tenha sido, sem dúvida uma missão quase impossível eu venho
todos os dias colhendo forças de um moinho para lutar contra as nossas capazes
separações. Porque é só contigo que o melhor tempo roda paralisado, que o meu
coração vira carnaval e os meus olhos se iluminam na mesma intensidade da luz do
sol da manhã.
Você,
de fato é o “ser” mais bonito e a verdade que eu quero abraçar para sempre. No
entanto, desde que tive a sorte de te conhecer estou me permitindo amar-te por
inteira e sem reservas. Descanso em ti a plena confiança que se as minhas
falhas forem as menores possíveis, tu nunca vais decepcionar-me porque você é a
minha BOCHA ADAPTADA e não um homem de carne e osso, como eu sei que vários
estavam supondo (kkkkk). Relaxem. Esse sortudo ainda não apareceu. Eu acho!
(Haha).
Enfim...
desde o momento em que a conheci, através da APAE e do professor Núbio a bocha
se transformara em uma das meninas dos meus olhos. E quer saber!? Eu,
incrivelmente não me importo com a sua falta de vida física, pois, ao contrário
dos regentes do nosso estado, além dela fazer muito mais sem um coração que
bate, tem a habilidade de montar um arsenal de clichês para me encantar e nunca
me fazer parar de sonhar em ser uma renomada relevância nesse meio.
Ah!
Pela minha pequena grande menina já enfrentei tanta coisa, tanta dificuldade
até chegar aos lugares das competições. A maior dela, indubitavelmente é a
escassez vergonhosa de estímulos e investimentos por parte do estado. Mas, nas
que consegui ir, por alguns dias eu aconteci dentro de um mundo fascinante. Eu
nunca esqueço o começo de tudo e nem de quem estava lá. Foi assim que entrei na
APAE e Núbio e eu nos reencontramos. Ele me apresentou a bocha adaptada, me
ensinou como jogar e uns três, quatro meses depois lá estávamos nós junto de Betânia
(minha acompanhante feminina) dentro de um avião indo para São Paulo participar
de uma Paralimpíada Escolar. Eu tinha 18 anos, quando joguei as primeiras
partidas oficiais, nacionais e mais surreais da minha existência. Ali fora tudo
novo. Arrepiante. E completamente intenso. Com certeza foi a partir dessa
porta, que gentilmente se abrira para mim que me apaixonei e encasquetei em viver
toda essa verdade por uma vida inteira.
Entretanto,
depois desse ano para continuar perseguindo e fazendo crescer essa menina eu
mais do que nunca precisava ter determinação e paciência. Porque agora, o
buraco era mais embaixo, o buraco era alcançar vagas em campeonatos adultos.
Nesse processo de ir a fundo, o professor Núbio foi, é e sempre será o meu
grande impulsionador. E apesar dos governantes do Acre quase sempre nos demolir
internamente e matar grosseiramente os nossos sonhos quando é época de
viajarmos para outra cidade ou outro estado, o Núbio jamais me tirou a
confiança e muito menos o incentivo. Ele sempre que pode disponibiliza um tempo
seu para mim. Para trabalhar minhas falhas, enriquecer com sabedoria os meus
arremessos, vibrar com os meus avanços dentro dos jogos e rir das minhas inacreditáveis
“cagadas” (“Calma, calma, não criemos pânico”! Kkkkkkkkk. Não é a de verdade. Isso
é uma jogada que tem tudo para dar errado, mas, no fim vira cagada porquê dar
certo).
A
partir disso, embora não tenhamos conseguido participar nos anos que se
seguiram de quase nenhuma competição por falta de interesse mesmo dos que se
esbanjam nos poderes aquisitivos, Núbio e eu criamos uma relação de pai e
filha, principalmente durante as viagens, pois ele realmente cuida de mim feito
um. Além disso, nunca deixamos de treinar, de nos motivar e de necessitar um do
outro quando pensávamos que nada daquilo valeria a pena. No fundo, no fundo ainda
havia esperança que chegaríamos nas competições adultas. E em 2017, nós
chegamos... Consegui, através da imensa ajuda financeira da Prefeitura
Municipal de Cruzeiro do Sul e um mínimo auxílio do Estado encher de orgulho o
Núbio e um monte de gente que sempre torceu por mim quando fui campeã estadual (em
Rio Branco - AC) e também a primeira colocada da categoria BC1 na regional (em
Ananindeua - PA).
A
vitória da estadual foi tão gratificante quanto a da regional, pois SE eu
conseguir as passagens aéreas necessárias ambas estarão me levando junto com meu
pai de viagens Núbio e a delegação acreana (mais dois atletas homens, staff e
os nossos respectivos acompanhantes, inclusive uma feminina para mim) para
disputar em dezembro no ADULTO do Campeonato Brasileiroooooooooooo de Bocha
Adaptada na capital de São Paulo. Ah! SÃO PAULO, onde praticamente tudo
começou. Estou ansiosa. Realmente com o coração lá na goela (rsrs). Sei que é
por uma mesma causa, mas agora é diferente. São outros desafios, outra gente e
metas inteiramente ousadas. Sem contar
que estou indo mais mulher em busca de passos maduros, que atiçarão ainda mais
essa chama que me envolve.
No
mais, além do Núbio, venho agradecer ao Aldinei, a Agde, Hannah, Jamilly,
Prefeitura de Cruzeiro do Sul e todos os demais, de longe e de perto que
abraçaram esse meu amor e assim como eu acreditaram fortemente nessa verdade
para me ajudar a ter uma evolução significativa em jogos dentro e fora de casa.
E por fim, primeiro digo ao meu futuro namorado que ele terá que me dividir com
a bocha. Ela chegou na frente (rsrsrs). É lei, meu bem! Ah, sim! E em segundo,
quero dizer para nosso governo e todos os que estão à frente do Acre e de
certas Universidades também que se manquem, invistam por nós, nos incentivem e
amem pelo menos 1% do meu amor TODOS OS ESPORTES ADAPTADOS. Pois, vocês podem
até mandar e desmandar no estado, porém, dou minha cara a tapa se fizerem um
terço do que nós fazemos numa quadra de bocha, na pista de atletismo e na piscina
de natação.