Céu de Belém |
Ah, que céuS!! E que ano! De fato, o branco, o amarelo, o azul, o verde, as cores mistas, o rosa e até o tenebroso cinza sorriram de lá do alto para mim. Sorriram cada um com um jeito, um impacto e um aprendizado diferente. E eu busquei retribuir sorrindo também! Sorri com calma e paciência para não embolar as cores e estragar tudo o que estava por minha espera ao longo do ano.
Entretanto, foi em meio a tantas trocas de sorrisos que tive que aprender a administrar o tempo e não ser uma Ritinha pela metade. Nada que é pela metade presta. Eu acredito que quando as pessoas se propõem a estarem em um lugar elas têm que ESTARem e SERem só aquele momento e ponto! Por isso, de janeiro a dezembro eu fui... fui uma menina MULHER que doou por inteiro o seu coração, corpo e alma para as pessoas, suas paixões e seus sonhos pessoais.
Os
meus 365 dias foram loucamente intensos e desafiadores. Cada mês, eu senti e
vivi um céu e cores diversificadas. De janeiro eu bem me recordo da luz do
mundo branco. Foi a cor da camisa que inaugurei emocionada a rampa de acesso interna
da igreja que frequento e também foi com esse tom de roupa que lá, brilhantemente
dancei a minha primeira coreografia junto do ministério infantil. Após vencer
esse primeiro e grande desafio, eu tive a absoluta convicção que a sequência do
meu 2017 caminharia de uma maneira diferente. Entretanto, veio o arco-íris do
segundo mês do ano. O meu fevereiro foi marcado pelo colorido de balões, pois
apesar de ter nascido no finalzinho de janeiro e já ter tido uma tarde incrível
com as melhores amigas do Ensino Médio, o meu coração disparou quando minha
Débora, suas irmãs que considero como minhas irmãs e o Daniel organizaram uma
das melhores surpresas de aniversário EM DOSE DUPLA, porque foi para mim e Ilana.
Nessa ocasião também, o nosso quinteto de amor (eu, Ilana, Débora, Tati e
Bruna) encontrava-se unido novamente para papear, se abraçar de um jeito
singular e gargalhar até altas horas. Depois dessa noite de união, foi a hora
de me dedicar ao quinto período dos infernos na Universidade (graças a Deus
acabou e eu sobrevivi. Kkkkk).
Ah!
E por falar na Universidade, foi no quiosque de lá que eu quase morri engasgada
com um misto quente quando me disseram que o nosso quinteto de amor iria ganhar
uma mascotezinha e a tia Rita teria que entrar em ação (haha). No entanto, após
a minha quase morte (kkkkk) além dos estudos acadêmicos, de trabalhar no meu
livro, de continuar alimentando a minha coluna jornalística e esse blog, eu
estudei outras tantas teorias para chegar no Caldeirão do Huck através do Tiago
Iorc. Assim, com o essencial apoio da equipe da Ação Eventos, do meu tio Eden,
da minha irmã Lara e de seus parentes que moram em Rio Branco – AC eu fui ao
show do Tiago e o coração tropeçou e quase paroooooooooou. Eu amei SER daquela
noite. Eu amei viver cada música e o senhorzinho que me parou e perguntou tão
brandamente se poderia me dar um beijo apaziguador na bochecha. E mesmo com a
voz fugindo por causa do impacto que esse cantor representou naqueles
instantes, eu amei quando dele recebi um beijo, um abraço e sua atenção para
ver tanto eu como a Larinha com os olhos inundados de lágrimas por termos
conseguido entregar em suas mãos uma carta e algumas fotos narrando a minha
história, as quais foram pedidas para serem repassadas ao Luciano Huck.
No
entanto, antes desses primeiros acontecimentos, eu tive comigo uma Luz rosa e
outra que não é do Acre, mas se tornou a minha luz azul: Agde e Jamilly. Para
essas duas fisioterapeutas, eu existi na fisioterapia convencional e na
hidroterapia. E, tanto através da água como do solo a Agde e Jamilly por meio
do aparelho de analgesia, dos alongamentos, exercícios de fortalecimento e amor me possibilitaram dormir
a maioria das noites sem as dores crônicas e insuportáveis. As nossas sessões sempre
foram as melhores horas da semana. A gente brincava, conversava, superava
montanhas, trabalhava forte e quando estava em solo treinava bocha. Mas, bem
próximo do meio de 2017 a Agde entrou de licença e a Jamilly ficou com os
horários apertados, portanto me passaram para as mãos da fisioterapeuta Hannah
e dos demais da Clínica Vitalle, que eu gosto muito, por sinal. Ah! A minha Hannah...
ela foi tipo as cores do meu quarto em forma de anjo e a que deu continuidade
ao trabalho feito comigo com excelência. Nós fazíamos de tudo um pouco, porém
como eu tenho uma queda pela bola feijão ficávamos mais um tempinho nela. A
Hannah não sabia nem o que era a bocha até então e aí eu a apresentei e
expliquei as regras. Acho que ela se apaixonou por esse esporte na medida que
me ajudava e de tanto que me ouvia falando que queria crescer nisso. Desse amor,
a fisioterapeuta Jamilly também compartilhou de pertinho. E então, lá na Clínica
ficaram elas duas lapidando o físico e a mente da jabutizinha (eu. Kkk) para os
Campeonatos que viessem a surgir.
Na
APAE, com o kit emprestado de lá eu também treinava e recebia dos meus
professores forças para não desistir. Às vezes isso vinha do Aldinei, já outras
do Núbio, os quais são mais dois dos meus grandes incentivadores nessa vida
esportiva. E em junho a porta dos Campeonatos Adultos se abriu para mim. Veio
primeiro o Estadual em Rio Branco – AC. Para participar desse, eu tive que
primeiramente convencer a minha mãe e família que isso não era uma besteira, e
sim o amor que sou completamente apaixonada. Os ânimos se exaltaram, mas logo
eles entenderam e aí para me deslocar até a capital e disputar uma vaga no
Regional contei com o auxílio da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, da Secretaria
Estadual de Educação e Esporte, da APAE que me disponibilizou o kit de bocha,
da Ana (minha acompanhante feminina), da Shirlei e do Núbio, que mesmo não me
acompanhando nessa viagem me encorajava pelo telefone. Lá joguei, ganhei ouro e
chorei feito uma abestada (kkkkkkkkkk), porque agora eu iria para o Regional em
Ananindeua – PA como campeã estadual. Ser campeã e carregar a bandeira acreana no
peito te traz responsabilidades medonhas e foi com elas que voei para o Pará
junto do Núbio e a nossa Delegação. No mais, o estado do Pará foi tão generoso
com os gigantes do Acre que nos deu duas medalhas de ouro, uma de prata, o
troféu de melhor equipe e vagas para o Nacional em São Paulo.
Em
nosso regresso para o Acre, Belém do Pará me agraciou com um céu extraordinário
e a Paola. Essa moça é do Rio Grande do Sul e trabalha como piloto comercial, e
foi a minha e a companhia do Núbio até Brasília. Ela é de uma simpatia
inacreditável. A gente se deu muito bem enquanto voávamos e daí ela se despediu
me afirmando que sempre quando pensasse em desistir lembraria de mim para ter
forças. Ai... eu nunca vou esquecer dela. Enfim... voltando a pôr as rodas da
minha cadeira no chão de Cruzeiro do Sul, retornei para a Universidade, fui a Cinderela
de lá, me desmanchei em choro por não ter conseguido as passagens para ir participar
das Paralímpiadas Universitárias, tive que me virar na sala de aula sem minha
Ilana e Tati, e pela primeira vez com a ajuda de Elen (minha recente monitora)
estagiei com excelência como professora numa Escola Pública de Ensino
Fundamental. Eu conheci a minha Ayra, a gostosa que vai andar primeiro do que a
titia (kkkkkkkkkkkkkkkk). Treinei para o Campeonato Brasileiro de Bocha
Paralímpica. Fui em uma determinada Escola de Ensino Médio da cidade, conversar
e encorajar vários jovens a viverem os seus sonhos, independentemente de
qualquer coisa. Dancei com Aldinei (meu moreno) o balé que tanto amo em
diversos lugares e importantíssimas ocasiões. Desfilei no aniversário da
cidade, unida com o projeto MEU CABELO MINHA IDENTIDADE levantando a bandeira
da acessibilidade e inclusão social que o projeto ACESSIBILIDADE POR UM MUNDO
MELHOR defende. E também fui convidada pela Câmera Municipal de Cruzeiro do Sul
para uma sessão solene em homenagem ao mês da juventude, onde na oportunidade
recebi uma Moção de parabéns por inspirar de diversas formas a sociedade
cruzeirense.
E aí dezembro
chegou chegando. Ele me trouxe mais duas experiências que me fizeram crescer
além do esperado. A primeira aconteceu numa sala do Ceflora de Cruzeiro do Sul
por intermédio da minha Luz rosa, Agde. Ela me convidou para fazer uma pequena
demonstração de uma sessão de fisioterapia para os seus alunos. Eu fui e foi
maravilhoso. Passou longe de ser uma simples demonstração, teve isso é claro,
mas além disso, nós tivemos um bate-papo muito bacana e enriquecedor para ambos
os lados. E a segunda experiência? Ah! Essa foi preciso eu aterrissar em São
Paulo mais precisamente no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro para
vive-la. Eu e Delegação Acreana estávamos lá para participar do nosso primeiro
Campeonato Brasileiro de Bocha Paralímpica e apesar de dessa vez não termos
trago medalhas, conhecemos pessoas de todas as regiões, criamos laços afetivos,
ganhamos aprendizado e um inexplicável shoooow ao vivoooooo, onde todos nós cantamos
em coro It’s my life. E o principal: conquistamos o respeito e o nosso lugar
entre os melhores do Brasil na Bocha Paralímpica.
Mas,
embora eu tenha vivido uma porção de cores e tido muitos afazeres e sonhos para
realizar ao longo do ano dos meus 22 anos, eu nunca deixei de SER. SER para o
céu e a terra. SER para o dia e a noite. SER para os animais. SER para as crianças,
jovens, adultos e idosos. SER, principalmente para os amigos, a família, as
pessoas e os “crushs” (rsrsrs) que tive a sorte de conhecer. Porque o essencial
da vida não é ter, mas SER de cada momento que Deus te doa oxigênio para saber
viver. Portanto, gratidão meu 2017.