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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Pra você guardei o amor

      “Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar. O amor que vive em mim, vem visitar. Sorrir, vem colorir solar. Vem esquentar. E permitir.”
      Achei, vendo em você o amor que não definha. O amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Ah! Como eu amo te amar numa frequência tão inquebrável. Tu foste me roubando, me enlaçando e agora se tornara em um dos meus maiores chamegos. E por mais que te viver tenha sido, sem dúvida uma missão quase impossível eu venho todos os dias colhendo forças de um moinho para lutar contra as nossas capazes separações. Porque é só contigo que o melhor tempo roda paralisado, que o meu coração vira carnaval e os meus olhos se iluminam na mesma intensidade da luz do sol da manhã.

      Você, de fato é o “ser” mais bonito e a verdade que eu quero abraçar para sempre. No entanto, desde que tive a sorte de te conhecer estou me permitindo amar-te por inteira e sem reservas. Descanso em ti a plena confiança que se as minhas falhas forem as menores possíveis, tu nunca vais decepcionar-me porque você é a minha BOCHA ADAPTADA e não um homem de carne e osso, como eu sei que vários estavam supondo (kkkkk). Relaxem. Esse sortudo ainda não apareceu. Eu acho! (Haha).
      Enfim... desde o momento em que a conheci, através da APAE e do professor Núbio a bocha se transformara em uma das meninas dos meus olhos. E quer saber!? Eu, incrivelmente não me importo com a sua falta de vida física, pois, ao contrário dos regentes do nosso estado, além dela fazer muito mais sem um coração que bate, tem a habilidade de montar um arsenal de clichês para me encantar e nunca me fazer parar de sonhar em ser uma renomada relevância nesse meio.
      Ah! Pela minha pequena grande menina já enfrentei tanta coisa, tanta dificuldade até chegar aos lugares das competições. A maior dela, indubitavelmente é a escassez vergonhosa de estímulos e investimentos por parte do estado. Mas, nas que consegui ir, por alguns dias eu aconteci dentro de um mundo fascinante. Eu nunca esqueço o começo de tudo e nem de quem estava lá. Foi assim que entrei na APAE e Núbio e eu nos reencontramos. Ele me apresentou a bocha adaptada, me ensinou como jogar e uns três, quatro meses depois lá estávamos nós junto de Betânia (minha acompanhante feminina) dentro de um avião indo para São Paulo participar de uma Paralimpíada Escolar. Eu tinha 18 anos, quando joguei as primeiras partidas oficiais, nacionais e mais surreais da minha existência. Ali fora tudo novo. Arrepiante. E completamente intenso. Com certeza foi a partir dessa porta, que gentilmente se abrira para mim que me apaixonei e encasquetei em viver toda essa verdade por uma vida inteira.

      Entretanto, depois desse ano para continuar perseguindo e fazendo crescer essa menina eu mais do que nunca precisava ter determinação e paciência. Porque agora, o buraco era mais embaixo, o buraco era alcançar vagas em campeonatos adultos. Nesse processo de ir a fundo, o professor Núbio foi, é e sempre será o meu grande impulsionador. E apesar dos governantes do Acre quase sempre nos demolir internamente e matar grosseiramente os nossos sonhos quando é época de viajarmos para outra cidade ou outro estado, o Núbio jamais me tirou a confiança e muito menos o incentivo. Ele sempre que pode disponibiliza um tempo seu para mim. Para trabalhar minhas falhas, enriquecer com sabedoria os meus arremessos, vibrar com os meus avanços dentro dos jogos e rir das minhas inacreditáveis “cagadas” (“Calma, calma, não criemos pânico”! Kkkkkkkkk. Não é a de verdade. Isso é uma jogada que tem tudo para dar errado, mas, no fim vira cagada porquê dar certo).

      A partir disso, embora não tenhamos conseguido participar nos anos que se seguiram de quase nenhuma competição por falta de interesse mesmo dos que se esbanjam nos poderes aquisitivos, Núbio e eu criamos uma relação de pai e filha, principalmente durante as viagens, pois ele realmente cuida de mim feito um. Além disso, nunca deixamos de treinar, de nos motivar e de necessitar um do outro quando pensávamos que nada daquilo valeria a pena. No fundo, no fundo ainda havia esperança que chegaríamos nas competições adultas. E em 2017, nós chegamos... Consegui, através da imensa ajuda financeira da Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Sul e um mínimo auxílio do Estado encher de orgulho o Núbio e um monte de gente que sempre torceu por mim quando fui campeã estadual (em Rio Branco - AC) e também a primeira colocada da categoria BC1 na regional (em Ananindeua - PA).

      A vitória da estadual foi tão gratificante quanto a da regional, pois SE eu conseguir as passagens aéreas necessárias ambas estarão me levando junto com meu pai de viagens Núbio e a delegação acreana (mais dois atletas homens, staff e os nossos respectivos acompanhantes, inclusive uma feminina para mim) para disputar em dezembro no ADULTO do Campeonato Brasileiroooooooooooo de Bocha Adaptada na capital de São Paulo. Ah! SÃO PAULO, onde praticamente tudo começou. Estou ansiosa. Realmente com o coração lá na goela (rsrs). Sei que é por uma mesma causa, mas agora é diferente. São outros desafios, outra gente e metas inteiramente ousadas.  Sem contar que estou indo mais mulher em busca de passos maduros, que atiçarão ainda mais essa chama que me envolve.


      No mais, além do Núbio, venho agradecer ao Aldinei, a Agde, Hannah, Jamilly, Prefeitura de Cruzeiro do Sul e todos os demais, de longe e de perto que abraçaram esse meu amor e assim como eu acreditaram fortemente nessa verdade para me ajudar a ter uma evolução significativa em jogos dentro e fora de casa. E por fim, primeiro digo ao meu futuro namorado que ele terá que me dividir com a bocha. Ela chegou na frente (rsrsrs). É lei, meu bem! Ah, sim! E em segundo, quero dizer para nosso governo e todos os que estão à frente do Acre e de certas Universidades também que se manquem, invistam por nós, nos incentivem e amem pelo menos 1% do meu amor TODOS OS ESPORTES ADAPTADOS. Pois, vocês podem até mandar e desmandar no estado, porém, dou minha cara a tapa se fizerem um terço do que nós fazemos numa quadra de bocha, na pista de atletismo e na piscina de natação.